Ouvi tantas vozes nesses anos todos.
Vozes que diziam muito, outras que não diziam nada. Algumas grossas, agudas, escandalosas. Vozes essas que muitas vezes eu admirava, outras desprezava.
Tentei fazer com que minha voz também fosse ouvida. Fiz tudo que estava ao meu alcance.
Percebi que nem sempre só falar era suficiente, por isso tentei parar e ouvir, mas as vezes a ansiedade não deixava. Fui bem até um ponto, tudo na medida do possível.
Certa vez ouvi uma voz doce, com palavras encantadoras. Mas ouvi também voz cortante, que machucava toda vez que a ouvia.
Sua voz me bastava, acalmava minha tempestade, preenchia minha vida.
Mas afirmo hoje, com certeza, que o silêncio da sua voz, no meu apartamento num sábado, com certeza é o grito mais alto que eu nunca ouvira até hoje.
Dói, mas sempre há esperança. Sempre.
Espero ainda ouvir você novamente.